sexta-feira, 9 de abril de 2010

Você já se apaixonou hoje?




Será que cada um tem a sua fórmula para apaixonar-se por alguém? Estou com essa dúvida, pois a cada dia que passa vejo que me apaixono por uma coisa diferente na vida, por um aspecto diferente em um velho(a) conhecido(a). Esses dias tava reparando a compatibilidade musical dos membros da Cannon House (nosso edifício aqui em Dublin). Outro dia estava simplesmente batendo um papo com uma amiga e ela começou a falar de seus sonhos, esperanças e objetivos, e acho que por um momento ela não percebeu o quanto se empolgou e foi detalhando cada vez mais e mais suas metas… Foi quando senti uma sensação gostosa, “amolecedora”, diferente que me fez ficar ali admirando, pensando comigo mesmo: “Que pessoa maravilhosa é esta”. E como minha cabeça adora um bordão, logo veio a pergunta: “Porque será que agente atravessa o oceano atlântico e para encontrar e/ou se maravilhar ainda mais com uma pessoa que esteve o tempo todo logo ali perto da sua casa?”

Passado esse momento de admiração, comecei a matutar aqui quais eram as qualidades que me agradam nas pessoas, aquilo que realmente me deixa surpreendido, aqueles sonhos, ideais e princípios que são semelhantes aos meus. Tipo, essa pessoa e seus sonhos eram cheios de pensamentos altruístas e o mais encantador de tudo era que todas as frases começavam com “eu quero”, mas quase sempre terminavam com “pra ele”.

Acho que se eu me esforçar consigo fazer essa minha tal fórmula. Sabe, que nem as receitas que as bruxinhas tinham para fazer suas poções e feitiços (isso inclusive me fez lembrar aquelas séries que passavam na cultura, o Teatro dos Contos de Fadas. Mas na minha poção eu começaria colocando:
- Uma colher de sopa de beijo gostoso (putz como beijo é bom não? E beijo gostoso vicia).
- Meia xícara de mulher perfumada (tem mulher perfumada que me tira do sério, em época de “cachorro magro” até quando elas saem do banho me atiça).
- Uma pitada de não egoísmo (porque é tão bom quando encontramos alguém que também pensa na gente, não?).
- Um tablete de paciência em ensinar (pois não basta ensinar, tem que ter paciência).
- Uma xícara inteira de mulheres com conteúdo (acho que se um dia uma mulher estiver assistindo um jogo comigo – do timão de preferência – e soltar um “Putz, ninguém na sobra dessa zaga?”, ou “Nossa que saudade do Gamarra”, ou um “Vai pra cima seu FDP, é jogo do Timão kct” acho que eu peço em casamento!)
- ¾ de pensamentos ambiciosos e sonhadores (tem que querer mais, tem que tirar o carro do estacionamento – pelo menos querer).
- 5 colheres de sopa de sentimentalismo (“peraí, sou macho mas isso aí que vc disse machuca!” pêra lá… é via de duas mãos e homem também precisa ser ouvido!).
- E uma pitada de carência (certas vezes me perco nos ingredientes, mas acho que é isso… mulher que beija gostoso, perfumada, que pensa por dois, que tem paciência com os mais burrinhos, que curte futebol, que quer viver a vida, que sonha sempre e que ainda faz uma manha por um carinho meu… um… olha só de pensar deu água na boca!).

Isso me faz lembrar a última vez que me apaixonei, quer dizer, eu me surpreendo e me apaixono fácil, mas digo da última vez que foi de forma mais intensa, profunda. Fico lembrando as impressões que me levaram a gostar do jeito dela, a audácia, coragem, a “displicência” na forma como tratava tudo como mais um momento já vivido, a forma que me fazia parecer inexperiente em tudo, enfim, parecia ser oposto de mim com uma mistura de tudo aquilo que eu queria ser (naquela época), sabe? Quando crescer quero ser que nem você?

E agora o mais engraçado – engraçado, pois eu fico me imaginando aqui o Hitler, ou até mesmo meu avô se remoendo em seus caixões se ouvissem isso – mas você já se apaixonou por um amigo teu? Tipo, eu sou hétero (pra caralho por sinal, não troco mulher nessa vida por nada, e nada contra os caras que não curtem, cada um na sua desde que faça por você e não pela sociedade, não pelos outros), mas esses dias aqui na minha saudade do Brasil, lembrei de meus amigos e fiquei meio que nomeando as qualidades de cada um. E descobri que sou sortudo pra kct em relação a isso, conhecer gente que vale ouro. Tô falando daquelas pessoas que não são do seu sangue mais parecem ser, sabe? Tipo, chamam sua mãe de tia, mas não são seus primos, almoçam na sua casa mas não moram lá, abrem sua geladeira e ao invés de perguntarem se pode, perguntam se você quer alguma coisa!
PQP, que saudade do Brasil (rimou!). E o primeiro que veio na cabeça foi o Calvo (caso algum de vocês leiam não fiquem com ciúmes), parece que eu o conheço esse “féla” desde a minha infância, como se fosse há uns 20 anos atrás, mas não, conheci ele fazem 5 ou 6 anos atrás. Ele é meio louco da cabeça, tem sérios problemas, mas é daquele que perde o emprego, mas não perde o amigo, sabe? Exemplo disso é que em 2009 eu fiz duas cirurgias, a da “hemo” e do joelho, e ele me ligou e a conversa foi mais ou menos assim (os palavrões são pura espressões da verdade – já pedi pra ele maneirar mas adivinha, ele mandou eu me foder!):

Ele dizia: - O negrinho do caralho, me diz aí que dia você sai do hospital aí que eu vou te buscar?

Eu dizia: - Quinta-feira, Sexta-feira, meio-dia ou 15h00, porquê?

Ele respondia: - Ih caralho, Ôh manôô, vê direito essa porra porque eu vou te buscar nessa merda!

Eu: - Não precisa meu, você trabalha e eu sei que é complicado e tal. Depois vai ser mandado embora e depois eu sou o culpado.

Ele: - Ah, vai se foder, eu que mando naquela porra (risos)!

Eu: - Mano, deixa de ser cabeção, você já faltou semana passada por causa da diarréia, não fica abusando assim veio, depois perde o emprego e fica chorando.

Ele: - Ôh féla da p***, minha mãe é beiçuda e negrinha agora? Chorando sua bunda! Quem vai te buscar?

Eu: - Ninguém mano, mas não precisa, eu dou um jeito.

Ele: - Vai se foder, negrinho. Ôh-ne-gri-nho-du-ca-ra-lho, faz o que eu to mandando, me liga quando você receber alta.

E foi assim nossa conversa. Nas duas vezes, nas duas cirurgias! Tá certo que ele riu o caminho inteiro com a minha cara quando eu saí do hospital na “primeira cirurgia”, mas foi até bom para rir um pouco!

Na Body Systems, meu antigo emprego, eu aprendi muita coisa (também mais de 8 anos). E uma das filosofias que eu curtia bastante, antes da faculdade, era a dos sujeitos P.T.O. (Pau pra Toda Obra), e é isso que se resume a maioria das minhas amizades, são todas pro que der e vier. Posso contar com muita gente nos momentos difíceis, e tenho a sensação de que difícilmente me decepcionaria. Eu sou contra o bordão da copa do mundo de 2002, interpretada pelo Zeca Pagodinho (nada contra ele) e multiplicada pela Globo (tudo contra ela), “deixa a vida me levar”, mas tem um trecho que cabe aqui, nesse aspecto que estou comentando, que é:
“Sou feliz e agradeço por tudo que Deus me deu”.

Boa noite!

terça-feira, 6 de abril de 2010

E o mar está para peixe!




E o mar está para peixe!
Acho que este pensamento me domina desde que cheguei aqui em Dublin, logo que senti o frio europeu na saída do aeroporto. Precisei me bloquear do frio e foi com a motivação de que aquilo era pouco, aquilo não chegava nem a ser barreira.
E é mesmo, acho que isso é uma coisa que devo alertar: Não existe frio no Brasil, isso aqui não se compara com as nossas “brisas”. Se bem que nunca fui para a região sul do país, como Porto Alegre e região…
Bom, como nunca fui dos mais otimistas do planeta, confesso que por essas bandas o positivismo me dominou. Sinto-me diferente, positivo, com fé, crente nas coisas que me rodeiam. Aliás, ontem chegou o meu cartão do banco e agora posso falar para o mundo inteiro que EU TENHO CONTA NO EXTERIOR! Sou chique no úrtimo mesmo.
Mas a notícia feliz do momento não é essa, até porque apesar da conta no exterior não tenho a mínima pretensão de me tornar rico nesta viagem, se chegar a conseguir “um qualquer” confesso que será por pura coincidência do acaso. A notícia boa é que todo esforço tem sua recompensa, ele tarda algumas vezes, mas dificilmente falha, e como prova essa semana recebi um convite de meu ilustre professor e orientador, agora também mestre em educação, Mario Nunes para reescrever minha monografia para uma provável publicação em livro sobre os trabalhos orientados pelo mesmo. A chance de ter meu trabalho publicado em livro é coisa não sonhada anteriormente nestes 26 anos de minha existência, e que me alegra muito por saber que meu maior empenho em época universitária rende frutos dois anos após sua “concretização”.
E isso que vou lhes dizer eu não sabia, devo a descoberta à minha mais nova parceira intelectual (exceto pelo fato de não gostar de cebola) Van, que me disse que existe uma frase popular que diz que “na vida uma pessoa precisa alcançar três coisas para encontrar o caminho da realização na vida: (1) Plantar uma árvore; (2) Escrever um livro e (3) Ter filhos”.
E embora exista a possibilidade de meu texto não ser aprovado ou no mínimo ser todo recortado e todo editado, tenho a chance de sair como colaborador de uma obra literária, o que por direito já me concluí a tarefa de número 2. Restariam então ter filhos e plantar uma árvore, pois o pé de feijão plantado nas aulas de ciências sociais (nossa como eu sou velho) no primário não vale.
Bom, como o mar está para peixe, tenho que falar que a angústia da procura por emprego aqui em nosso prédio está dia-a-dia mais branda, primeiro foi nossa “neguinha” Nicolle recrutada para cuidar dos pentelhos alheios, depois nosso brother Macarrão, convocado para ajudar a organizar a balada irlandesa com os menores preços de biritas na terra do Bono e agora a adorável (sou puxa saco mesmo) Camis, que após um grande lance de criatividade brasileira (os cartões) foi indicada para um Au Pair após completar um bom serviço. Hoje fiquei muito feliz com a mensagem do Basa e do Tom, sobre o emprego na 3M, mas que infelizmente era o dia internacional do idiota do escritório, conhecido também como 1° de Abril, dia da mentira.
Mas nem tudo é a favor da onda, temos alguns poucos imprevistos mas que não chegam a desanimar, na verdade são testes para vermos o quanto estamos preparados ou agüentamos. Essa semana tivemos o término do horário de inverno e agora estamos exatamente 4h00 à frente do horário brasileiro, e não mais três, o que dificulta um pouco o contato com minha mãe, irmãos e amigos, só não com aqueles que ao invés de trabalhar ficam ligados o tempo inteiro nos MSNs, Skypes e Orkuts da vida!
Outro ponto negativo, mas que será facilmente solucionado é que no mesmo dia de minha doce e farta Páscoa – pois ganhei um Big Easter Egg from meu irmãozinho T.Basaglia - expirou o prazo de meu visto inicial, e agora ilegal posso estar sendo procurado neste exato momento pelo “Seu Garda”, mas ficarei nesta situação ilegal o mínimo possível, eu “agarantio”.
Mas voltando ao que eu estava falando, as coisas boas e positivas, o mar está pra fish e nesta última Sexta-feira, da Paixão, nosso almoço coletivo me fez lembrar tempos áureos de minha família e do poder que algumas tradições exerciam sobre os lares, nossas crenças (é bom relembrar o passado e as coisas boas que aconteceram nele). Deixamos os peixes recebidos pelo Grande Querubim descongelando na pia, compramos uns camarões, um salmão para cada um e wualá (Aliás, como não ser fã de uma alguém que se irrita MUITO com os meus demasiados atrasos mas que mesmo assim guarda com todo carinho uma fatia de salmão? Me digam como não se encantar com um coração assim?)! E aí da minha mãe se souber que eu comi todos os tipos de peixes da mesa sem mesmo pensar nos espinhos e quais eram os tipos!
E isso é mais um ponto diferencial ao falar da minha convivência na Europa, eu acho que em muitas famílias, pelo menos na minha, algumas tradições vêem deixando de ser costumeiras. Tá certo que os filhos crescem, criam seus laços mas mesmo assim eu acho que algumas tradições são muito importantes para união, compreensão e fortalecer os laços antigos e novos. Bom, não vou filosofar sobre isso, família mexe com sangue, espírito e escolhas talvez não bem entendidas por nós nesse plano, mas só sei dizer que fizemos aqui na Europa, nos divertimos e aproveitamos o momento com uma família que conhecemos a cerca de 1 ou 2 meses, então o porque não fazer com as nossas famílias de sangue, em nosso país de origem.
Boa noite!
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• Parceiro Intelectual são aquelas pessoas que conhecemos em que não se é preciso de muito tempo ou um longo papo para se perceber que em determinados assuntos vocês possuem exatamente o mesmo ideal de significado, o que os lhes traz prazer em discutir determinados assuntos, pois rápida e inesperadamente os dá maior afinidade sejam por concordâncias ou discordâncias harmônicas.